domingo, 21 de abril de 2013

Festival Audio Visual Cine-PE

Começa na próxima sexta-feira (26/04) o Festival Audio Visual Cine-PE, mais conhecido como Festival de Cinema do Recife. A mostra competitiva acontecerá no Centro de Convenções, até o dia 02 de maio. Os ingressos custarão R$ 10,00 (inteira), e R$ 5,00 (meia).

Para maiores informações acesse: http://www.cine-pe.com.br/

sábado, 20 de abril de 2013

Mario José García Amado Dostoiévski


Lá estava o General em seu Labirinto, o qual incluía um caminho para as Tendas dos Milagres, e outro para a Casa Verde. A verdade, porém, é que ele queria seguir por outra estrada. O Amor do Soldado era, além de Gabriela, cravo e canela, Teresa Batista cansada de guerra. Ouviu-se, então, a Notícia de um Sequestro. Suspeitam dos Irmãos Karamazov, porém faltam pistas para O sumiço da santa. Comentam ter sido a Crônica de uma Morte anunciada, e os detetives, desesperados, procuram pistas até nos Cadernos de Dom Rigoberto, o marido da santa desaparecida. O povo até deixou para lá A incrível e triste história de Cândida Eréndira e sua avó desalmada, a qual, a bem da verdade, ninguém nunca compreendeu se era verídica. Foi quando, de repente, subiu um Cheiro de Goiaba, no momento em que todos observavam a Bola e o Goleiro, antes da cobrança do pênalti. Terá sido uma das Travessuras da Menina Má? Parece que ela nunca leu o Evangelho Segundo Jesus Cristo, tampouco qualquer Ensaio sobre a Lucidez. Logo, o povo esqueceu o jogo de futebol, quando O Idiota, Entre amigos, narrou o Relato de um Naufrágio. Falou para a Cidade e os cachorros. Disse, ainda, que faltava pouco para A guerra do Fim do Mundo, que seria entre norte-coreanos e norte-americanos, segundo consta.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Entrementes

Cansei de poesia, por isso irei dizer ao mundo inteiro,
Que qualquer conquista é motivo de alegria,
Que sou materialista, mas não vivo por dinheiro,
E, por sinal, havia dito que cansei de poesia,
Mas, entrementes, meu respiro, a noite virou dia,
E a confusão de Recife, harmonia.

Quaisquer valores.

Até quando vamos dizer que o Brasil foi descoberto se aqui já existia uma sociedade e uma cultura viva?
Porque uma sociedade multicultural se apega tanto a elementos cristãos?
Até onde vivemos de acordo com nossas ideias?
Até onde iríamos por nossos ideais?
Até onde é saudável lutarmos por nosso próprio bem estar se isso não vai ao encontro do bem estar coletivo?
O Brasil é um país racista?

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Pelé



Dois clubes ingleses disputavam o jogo final do campeonato. Não faltava muito para o apito final, e seguiam empatados, quando um jogador se chocou com o outro e caiu estatelado no chão.

A maca retirou-o do gramado e, num piscar de olhos, toda a equipe médica começou a trabalhar, mas o desmaiado não reagia.

Os minutos se passaram, e os séculos, e o treinador estava quase engolindo o relógio com agulhas e tudo mais. Ele já havia feito todas as substituições permitidas. Seus meninos, dez contra onze, defendiam-se o melhor que podiam, mas não havia muito o que podiam fazer.

A derrota estava por vir, quando, de repente, o médico correu para o treinador e lhe disse eufórico:

- Consegui! Ele está acordando!

E em voz baixa, acrescentou: - Mas não sabe quem é.

O treinador aproximou-se do jogador, que murmurou incoerências, enquanto tentava se levantar, e, ao pé do ouvido, informou-lhe: - Você é o Pelé.

Ganharam de cinco a zero.

Anos atrás eu ouvi, em Londres, esta mentira de que estava dizendo a verdade.

(Eduardo Galeano - Espejos. Una historia casi universal) - Tradução livre.

terça-feira, 16 de abril de 2013

A violência assola o futebol nordestino.

No último domingo (14/04) dois torcedores foram mortos a tiro quando se dirigiam para o estádio Castelão, onde iriam acompanhar o clássico Ceará x Fortaleza. Em 16 de fevereiro, após um ônibus com torcedores do Sport passar em frente ao estádio do Náutico, um torcedor do Náutico foi baleado na nuca por um homem que fazia a escolta do ônibus. A violência no futebol nordestino nesse começo de ano assusta. Um retrato da falta de cultura e valores de nossa sociedade, infelizmente.

O site Espn.com.br publicou matéria sobre os casos recentes de violência no futebol do Nordeste. Confira aqui o texto completo.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Filme sobre João Pedro Teixeira, líder das Ligas Camponenas.



O filme Cabra Marcado para morrer conta a história de João Pedro Teixeira, importante líder das Ligas Camponesas, paraibano, assassinado em abril de 1962 por conta de seu envolvimento na luta por reformas sociais no campo. Está em cartaz no Cinema da Fundação nesta terça (16/04), às 20:15, e nesta quinta (18/04), às 18:30.


Confira abaixo texto retirado do site Onordeste.com, contando a história de João Pedro Teixeira:

João Pedro Teixeira nasceu em 4 de março de 1918, em Pilõesinhos, naquele tempo um distrito do município de Guarabira (PB). É filho de um pequeno produtor do mesmo nome (João Pedro Teixeira) e Maria Francisca da Conceição do Nascimento.

Toda a revolta de João Pedro contra o modo de trabalho imposto aos camponeses começou com os ensinamentos de seu pai, que se envolveu em um conflito na propriedade, da qual era arrendatário. Não aceitou que o proprietário quisesse se apossar de uma parte das terras. A disputa começou na época em que nasceu o futuro líder das Ligas Camponesas, e durou seis anos. A tensão era muito grande, que num forró, dois filhos do dono com mais dois capangas provocaram uma briga. Para não morrer, João Pedro, pai, acabou matando os dois. Fugiu e nunca mais foi visto. Esta dor o filho carregou por toda a vida.

A mãe mudou-se para Guarabira e depois para Sapé. Levou a filha, mas João Pedro foi entregue aos avós. Quando o avô morreu, um irmão do pai terminou criando João Pedro Teixeira, em Massangana, em Cruz do Espírito Santo.

Ali João Pedro aprendeu trabalhar na roça, mas quando ficou de maior, foi trabalhar na pedreira perto de Café do Vento. Aí conheceu Elisabete com quem se casou em 26 de julho de 1942, tendo que fugir, pois os pais eram contra. Elisabete tinha 17 anos de idade; era a mais velha dos nove filhos de Manoel Justino da Costa e de Altina Maria da Costa.

De 1942 a 1944, o casal morou no Sítio Massangana, onde o gerente do Engenho Massangana era Luiz Pedro, tio de João Pedro, que os tratou como filhos. João Pedro ajudava o tio. Mas por discordar do tratamento que o tio dispensava aos trabalhadores acabou deixando o roçado. Abrigou Elisabete e o bebê (Marluce) na casa da mãe dele em Sapé, e foi procurar serviço em Recife. Em janeiro de 1945, levou a família para Jaboatão, onde foi trabalhar numa pedreira.

Logo apareceram as injustiças na pedreira e João Pedro se tornou o líder dos operários. Foi se aproximando do Partido Comunista e, em 1948, começaram as reuniões em sua casa. Criou o Sindicato dos Operários de Pedreiras, tendo ele sido eleito presidente. As perseguições não tardaram. João Pedro não conseguia mais emprego. Elisabete conseguiu ganhar um pouco num mercado, mas a pobreza era demais. Euclides Justino da Costa, irmão mais velho de Elisabete, encontrou-os em 1954. Ficou com pena de vê-los, com 6 filhos, naquela penúria. Convidou-os a voltar para Sapé e tomar conta de um sítio recém comprado pelo pai de nome Antas do Sono, vizinho do Sítio do Pai. Mesmo com receio do pai, que não escondia não gostar do genro, pobre, preto e teimoso, voltaram para Sapé, na Paraíba, em maio de 1954.

Nessa época, João Pedro já conhecia as Ligas, no Engenho Galiléia, em Pernambuco. O sogro Manoel Justino até ajudou, dando alguns moradores da sua fazenda para limpar o roçado do genro, e preparar a terra para o plantio. Logo, João Pedro observou que estes moradores só traziam um pouco de farinha, rapadura e piaba para almoçar. Não tardou para descobrir que aquela era a situação de todas as famílias camponesas da redondeza.

Em 1955, aconteceu o primeiro Encontro dos Camponeses de Sapé, na casa de João Pedro, com a presença de outros líderes como Nego Fuba (João Alfredo Dias) e Pedro Fazendeiro (Pedro Inácio de Araújo) - os dois primeiros desaparecidos políticos do Regime Militar de 1964.

A reação do pai de Elisabete e de todos os latifundiários foi grande. João Pedro foi preso no dia seguinte e espancado. Mesmo assim a luta continua com reuniões relâmpagos nas fazendas, nas feiras e na sapataria de Nego Fuba, em Sapé. O movimento crescia, atraindo também gente graúda da cidade. A luta para eliminar o "cambão" (a obrigação de trabalhar um dia de graça na terra do proprietário) foi o principal argumento para criar uma entidade associativa para acolher os trabalhadores e organizá-los melhor.

Assim, em fevereiro de 1958, a Associação dos Lavradores Agrícolas de Sapé, conhecida pelo nome de "Ligas Camponesas de Sapé", foi fundada, tendo João Pedro como vice-presidente. Ele também representava 14 Ligas Camponesas, na Federação das Liga Camponesas da Paraíba, da qual também era vice-presidente, em 1961. Nesta função viajava muito para João Pessoa para reuniões e reivindicações em benefício dos camponeses, junto ao governador Pedro Gondim.

As ações em defesa dos direitos dos camponeses eram feitas em mutirões com centenas de companheiros, que eram transportados em caminhões. Eram ações para arrancar cercas, plantar onde os patrões tinham destruído lavouras, reparar casas, defender companheiros prejudicados de todas as formas e as campanhas de massa. Com isso, as Ligas de Sapé cresceram, atingindo mais de 10 mil associados.

O sogro Manoel Justino vendeu até o Sítio Antas de Sono, quando viu que nada mudava a cabeça de João Pedro e nem conseguiu mandá-lo embora deste sítio, com Elisabete e as 11 crianças, em 1961. Com o novo dono, Antônio Vítor, e o apoio dos latifúndios, aumentaram as ameaças para expulsar João Pedro Teixeira, com tiros nas paredes da sua casa e todos os tipos de ameaças à sua família. Elisabete chegou a aconselhar João Pedro a ir para o Sul do país, para escapar das ameaças. Mas o líder dizia à esposa: "Você e meus filhos podem ir. Fico com os retratos, mas não me acovardo". Nesta época João Pedro já era o presidente da Ligas de Sapé.

As ameaças de morte contra ele circulavam em todos os locais de Sapé, através de capangas. Além dos problemas na Liga, João Pedro tinha que enfrentar o novo dono do Sítio, Antônio Vítor, e teve que se defender na justiça contra um processo de despejo. Com isso, já não dormia direito nos últimos meses de vida. "Ele se levantava todas as noites, ia de cama em cama e de rede em rede, ver todos os filhos, chorando; ele amava os filhos e era um esposo muito bom. João Pedro sabia que um dia não iria escapar. E sofria muito com isso, mas escondia. Nos abraçava todas as vezes que tinha que viajar, e, de vez em quando, me perguntava: "Elisabete, quando eu morrer, você continuará a minha luta?", conta Elizabete em seu livro.

Em 2 de abril de 1962, João Pedro tinha que se apresentar em João Pessoa, por causa do processo de despejo; o novo dono ia fazer um acordo. Chegando a João Pessoa, o advogado comunicou que a reunião tinha sido adiada para a tarde. Isso fazia parte da trama para matá-lo. Funcionou; conseguiram matar João Pedro neste dia, numa emboscada.

Saindo no último ônibus, indo a pé, já perto de sua casa, atiraram nas costas dele. Três tiros brutais, planejados por Antônio Vítor, Agnaldo Veloso Borges e Pedro Ramos Coutinho, como confessou o Cabo Chiquinho que praticou o crime com mais dois capangas.

No jornal Correio da Paraíba, Jório Machado escreveu na sua coluna "Aconteceu": " …Seu peito atlético ficou tão estragado que à primeira vista não erraríamos em pensar que os latifúndios usaram foices em vez de fuzil. (…) seu corpo comprido cravado de balas e entornado de sangue, parecia a imagem de Jesus morto….".

Elisabete só soube na manha seguinte. E ao ver o corpo, chorando disse "João Pedro, por mais de uma vez você me perguntou se eu daria continuidade à sua luta, e eu nunca te dei minha resposta. Hoje eu te digo, com consciência ou sem consciência de luta, eu marcharei na sua luta, pro que der e vier ". Mais de cinco mil camponeses acompanharam o enterro.



O paraibano João Pedro Teixeira, fundador da primeira liga camponesa na Paraíba, é considerado um mártir da luta pela terra no Nordeste do país, a exemplo do acreano Chico Mendes, que se notabilizou na defesa do seringal e do meio ambiente na região amazônica.

A primeira das ligas surgiu no Engenho Galiléia, em Pernambuco, fundada em 1954 sob a denominação de Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco. A experiência espalhou-se por outros estados nordestinos. Na Paraíba, a mais conhecida e combativa das Ligas Camponesas existentes até então foi a de a de Sapé, fundada por João Pedro Teixeira, como Associação dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas de Sapé e contava com mais de sete mil sócios. As Ligas Camponesas foram criadas inicialmente como associações e tinham objetivos definidos: prestar assistência social e defender direitos de arrendatários, assalariados e pequenos proprietários rurais.

Eram voltadas para iniciativas de ajuda mútua. Passaram a atuar no início da década de 60 como ferramentas de organização do movimento agrário.Isso porque a sindicalização no campo era praticamente inexistente. A ousadia despertou a ira dos latifundiários, da época, a ponto de em 1962 terem sido acusados de mandar matar João Pedro Teixeira. Ele foi casado com Elisabeth Teixeira, com quem teve 11 filhos. Dois anos depois, o golpe militar de 1964 proibiu o funcionamento das Ligas Camponesas e interveio nos sindicatos dos trabalhadores rurais. Depois disso, os camponeses foram torturados e mortos. Os dois soldados acusados de assassinar João Pedro Teixeira foram libertados

Fonte: Onordeste.com