quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Vai ter Copa, claro!

Sou a favor de que grandes eventos aconteçam em todos os países, inclusive nos países mais pobres. E, apesar de não considerar o Brasil um país pobre, sua desigualdade social gritante o faz subdesenvolvido.

Dentre os grandes eventos destacam-se os grandes eventos esportivos, pela intensa cobertura midiática e atenção atraem em todo o mundo, especialmente as Olimpíadas e a Copa do Mundo de futebol.

Pois bem, atualmente  (aliás, desde que fomos escolhidos pare a sediar a Copa do Mundo) há um intenso debate acerca dos possíveis benefícios e malefícios que um megaevento do porte da Copa do Mundo trariam para o Brasil. Sobre isso, penso que os prováveis malefícios possam ser superfaturamentos, desvios de recursos públicos, e higienização das metrópoles, com a consequente remoção da população mais pobre das áreas onde haja novos investimentos relacionados ao evento esportivo.

Ocorre que, a meu ver, tais problemas são conjunturais e não seriam solucionados com o não acontecimento de grandes eventos em nosso país, até porque sempre ocorrerão eventos de grande porte aqui devido ao nosso enorme potencial enquanto mercado consumidor (somos mais de 200 milhões).

Senão fosse por conta da Copa do Mundo ou das Olimpíadas os desvios de recursos públicos teriam de ser combatidos de qualquer forma. 

Por outro lado, o que causa indignação, de fato, é o alto investimento para atender às exigências da FIFA, quando nossas prioridades deveriam ser outras: hospitais, escolas, transporte coletivo, estradas, etc. 

O turista que for aos jogos da Copa poderão constatar a diferença entre o Brasil real, daquilo que é visto nos modernos estádios. O quão mais interessante seria se a Copa fosse feita utilizando nosso velho Maracanã, cheio de charme, ou o mundão do Arruda. Obviamente, deveriam haver reformas estruturais em tais estádios, as quais também demandariam investimento do poder público. 

Ao contrário desse possível caminho de valorização da história e de nossa cultura, foram feitos pesados investimentos para passar uma imagem higienizada de nosso país, que não corresponde em nada à realidade dos brasileiros. Tenta-se passar a imagem de um Brasil moderno, semelhante aos países desenvolvidos, maquiando nossas mazelas, ao menos, para os telespectadores que verão a Copa apenas sob a perspectiva das arenas construídas.

O exemplo do novo Maracanã é claro. Parece que nos subjugamos a ditames internacionais. Nos submetemos a uma padronização superficial, onde o nosso futebol perdeu um de seus símbolos. O novo Maracanã é bastante semelhante ao estádio Olímpico de Kiev, palco da Eurocopa de 2012, e não lembra em nada o velho Maraca, palco de jogos eternos.

Discordo, portanto, da forma como foi conduzida a realização da Copa do Mundo - o Brasil não deveria ter gasto fortunas em estádios padrão classe A, quando suas cidades vivem outra realidade. A desigualdade social e a falta de investimento em mobilidade urbana, educação, saúde, torna os estádios erguidos uma afronta ao bom senso.

Parece que, nos últimos anos, nossos governantes estiveram mais preocupados em agradar à FIFA do que em atender às demandas da sociedade brasileira.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A ignorância

É muito mais fácil optar pela ignorância, assim como pelo belo ou pelo superficial.
Porque na ignorância não precisamos de explicações, nem de questionamentos - mantemos, pois, nossa consciência livre de culpas.
Optamos por não nos questionar o porque da injustiça, dando de ombros e fingindo que tudo isso é inevitável. Afinal de contas, de que adiantaria eu ajudar uma família se haveriam, ainda, milhares de miseráveis? De que adiantaria eu fazer diferente se o mundo continuaria fazendo igual?
Seguimos como automóveis num mesmo fluxo e numa mesma direção - queremos o sapato mais bonito, roupas de marca, achando que com isso seremos mais bem vistos, mais bem aceitos... Mas, o que acontece de verdade é que perdemos a oportunidade de sermos nós mesmos.

O mundo todo parece fadado ao ostracismo da novidade, pois queremos apenas coisas para nos preencher, e, com isso, vamos ficando cada vez mais vazios, mergulhando fundo na superfície.