quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Sinal fechado

às vezes é tão bom... um sinal fechado, uma pausa para respirar nesse mundo corrido, no qual a ansiedade virou estilo de vida. não esqueça de parar no sinal, e não esqueça de, de vez em quando, parar, mesmo que o sinal esteja verde.

http://www.youtube.com/watch?v=yELXAUZpeXs

sábado, 16 de novembro de 2013

Queremos coerência, senhores Ministros!

 Agora não há mais desculpa. Depois do rigor no julgamento do chamado escândalo do "mensalão", resta saber como será a atuação do poder judiciário frente a outros casos envolvendo políticos acusados de corrupção. Serão condenados com o mesmo rigor os políticos do PSDB envolvidos no propinoduto do Metrô paulista? E como será a investigação acerca do envolvimento de políticos no escândalo envolvendo os fiscais da Prefeitura de São Paulo na gestão de Kassab? Haverá o mesmo rigor? Haverá a aplicação da chamada teoria do domínio do fato – que consiste numa suposição de que aquele agente em posição de superioridade hierárquica tem conhecimento das ações ilegais cometidas pelos seus subordinados – vez que essa foi aplicada no julgamento do “mensalão”?  

 Nomeados juristas denunciaram o ineditismo da aplicação da mencionada teoria, bem como o desrespeito ao princípio do in dubio pro reu no julgamento do "mensalão". Um desses juristas foi Ives Gandra Martins, que ideologicamente está situado em polo oposto ao do Partido dos Trabalhadores, neste sentido confira matéria da Folha de São Paulo. Se há algum lado positivo na condenação de políticos que supostamente praticaram ilicitudes enquanto ocupantes de cargo público, é a esperança do fim da sensação de impunidade que sempre vigorou em relação aos agentes públicos envolvidos em crimes contra o patrimônio público, é o que, brilhantemente, relata Ives Gandra em trecho de sua entrevista: "O povo tem um desconforto enorme. Acha que todos os políticos são corruptos e que a impunidade reina em todas as esferas de governo. O mensalão como que abriu uma janela em um ambiente fechado para entrar o ar novo, em um novo país em que haveria a punição dos que praticam crimes. Esse é o lado indiscutivelmente positivo. Do ponto de vista jurídico, eu não aceito a teoria do domínio do fato."

 Entretanto, temo que essa esperança seja falsa, pois não vejo predisposição real de combate à corrupção, mas sim um processo de propaganda demagógico da direita, numa clara tentativa de impedir maiores avanços nas recentes conquistas sociais alcançadas no plano federal, com programas como o Bolsa-Família que já é reconhecido internacionalmente (apesar de continuar sendo atacado pela direita brasileira), tendo obtido o principal prêmio da área de seguridade social do mundo, veja matéria. Aliás a referida premiação foi solenemente ignorada pelo Jornal Nacional da Rede Globo, conforme esta outra matéria, retirada do mesmo site.

 Pois bem, as manifestações de junho manifestaram claro descontentamento da classe média com alguns serviços prestados pelo Estado, ao mesmo tempo em que serviu para revelar que a população sente falta de uma oposição mais séria e ativa, seja no plano federal, seja no local. Ao meu ver, os grandes meios de comunicação não têm a credibilidade suficiente para fazer o papel de porta voz da oposição, dado sua parcialidade e interesses a que atendem. Criou-se, pois, um impasse político-ideológico que tem transformado o cenário político nacional num Fla-Flu entre petistas e anti-petistas. Considero que esse cenário não vem permitindo nos aprofundarmos em questões importantíssimas como reforma política, democratização do setor das comunicações e marco civil da internet.

 Aliás, é curiosamente no momento em que a nossa vizinha Argentina avançou na regulação dos oligopólios da comunicação – limitando o controle da imprensa, rádio e TV antes exercido pelo Clarín, após longa batalha judicial – que o foco das reportagens se volta à prisão dos condenados no escândalo do "mensalão". Nada mais oportuno nesse instante de debates do que mudar o foco das discussões nas redes sociais. Temo que seja deixada para segundo plano a discussão sobre os temas acima referidos. Ao meu ver, a condenação dos "mensaleiros" é apenas uma demonstração de poder da oposição ao governo federal, articulada entre a grande imprensa e alguns membros da Suprema Corte, dada a fragilidade com que a oposição é exercida no plano político. E penso assim, não só por que tenho dúvidas da justiça da condenação, como por que estranho o excesso de exposição na mídia de cada detalhe do julgamento, condenação e prisão dos envolvidos, algo que julgo ter sido extremamente desproporcional quando comparado com escândalos tão ou mais graves.

domingo, 29 de setembro de 2013

Ode à preguiça

Deixei verbos sem sujeito pois parece que essa minha preguiça não tem mais jeito.
É um defeito que nasceu pra mim, pra mim foi feito.
Nascidos um para o outro, assim somos nós: eu e a preguiça.
Com sua pala infalível, ela me convence, e, facilmente, vence.
Domingo somos inseparáveis - dormindo na cama, assistindo TV, ou fingindo te entender.

Segunda teremos que nos separar, uma separação que costuma ser traumática, ao menos para mim.
[Risos, enfim]

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Como democratizar a mídia?

No Brasil a concentração dos meios de comunicação é alarmante. O Grupo Abril, as Organizações Globo, o Grupo Estado ou OESP, a Central Record de Comunicações, o Grupo Folha, o Grupo Silvio Santos e o Grupo Bandeirantes de Comunicação representam a grande mídia, responsável pela tentativa cotidiana de dominação dos canais informativos nacionais. Esta situação precisa mudar urgentemente, para o bem da sociedade brasileira. Não podemos mais conviver com uma imprensa tão concentrada. 

Neste sentido, faz-se necessária uma atuação mais rigorosa do governo na regulamentação da mídia e no combate aos monopólios na área da comunicação. Para isso, o governo federal tem que enfrentar as pressões vindas dos grupos empresariais beneficiados com o atual estado das coisas, ou seja, das empresas acima citadas. Um novo marco regulatório para as comunicações é algo que já vem sendo debatido há algum tempo, falta por em prática, sem medo da pressão dos grupos dominantes.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Carta aberta aos brasileiros da filha de José Genuino

A coragem é o que dá sentido à liberdade

Com essa frase, meu pai, José Genoino Neto, cearense, brasileiro, casado, pai de três filhos, avô de dois netos, explicou-me como estava se sentindo em relação à condenação que hoje, dia 9 de outubro, foi confirmada. Uma frase saída do livro que está lendo atualmente e que me levou por um caminho enorme de recordações e de perguntas que realmente não têm resposta.

Lembro-me que quando comecei a ser consciente daquilo que meus pais tinham feito e especialmente sofrido, ao enfrentar a ditadura militar, vinha-me uma pergunta à minha mente: será que se eu vivesse algo assim teria essa mesma coragem de colocar a luta política acima do conforto e do bem estar individual? Teria coragem de enfrentar dor e injustiça em nome da democracia?

Eu não tenho essa resposta, mas relembrar essas perguntas me fez pensar em muitas outras que talvez, em meio a toda essa balbúrdia, merecem ser consideradas...

Você seria perseverante o suficiente para andar todos os dias 14 km pelo sertão do Ceará para poder frequentar uma escola? Teria a coragem suficiente de escrever aos seus pais uma carta de despedida e partir para a selva amazônica buscando construir uma forma de resistência a um regime militar? Conseguiria aguentar torturas frequentes e constantes, como pau de arara, queimaduras, choques e afogamentos sem perder a cabeça e partir para a delação? Encontraria forças para presenciar sua futura companheira de vida e de amor ser torturada na sua frente? E seria perseverante o suficiente ao esperar 5 anos dentro de uma prisão até que o regime político de seu país lhe desse a liberdade?

E sigo...

Você seria corajoso o suficiente para enfrentar eleições nacionais sem nenhuma condição financeira? E não se envergonharia de sacrificar as escassas economias familiares para poder adquirir um terno e assim ser possível exercer seu mandato de deputado federal? E teria coragem de ao longo de 20 anos na câmara dos deputados defender os homossexuais, o aborto e os menos favorecidos? E quando todos estivessem desejando estar ao seu lado, e sua posição fosse de destaque, teria a decência e a honra de nunca aceitar nada que não fosse o respeito e o diálogo aberto?

Meu pai teve coragem de fazer tudo isso e muito mais. São mais de 40 anos dedicados à luta política. Nunca, jamais para benefício pessoal. Hoje e sempre, empenhado em defender aquilo que acredita e que eu ouvi de sua boca pela primeira vez aos 8 anos de idade quando reclamava de sua ausência: a única coisa que quero, Mimi, é melhorar a vida das pessoas...

Este seu desejo, que tanto me fez e me faz sentir um enorme orgulho de ser filha de quem sou, não foi o suficiente para que meu pai pudesse ter sua trajetória defendida. Não foi o suficiente para que ganhasse o respeito dos meios de comunicação de nosso Brasil, meios esses que deveriam ser olhados através de outras tantas perguntas...

Você teria coragem de assumir como profissão a manipulação de informações e a especulação? Se sentiria feliz, praticamente em êxtase, em poder noticiar a tragédia de um político honrado? Acharia uma excelente ideia congregar 200 pessoas na porta de uma casa familiar em nome de causar um pânico na televisão? Teria coragem de mandar um fotógrafo às portas de um hospital no dia de um político realizar um procedimento cardíaco? Dedicaria suas energias a colocar-se em dia de eleição a falar, com a boca colada na orelha de uma pessoa, sobre o medo a uma prisão que essa mesma pessoa já vivenciou nos piores anos do Brasil?

Pois os meios de comunicação desse nosso país sim tiveram coragem de fazer isso tudo e muito mais.

Hoje, nesse dia tão triste, pode parecer que ganharam, que seus objetivos foram alcançados. Mas ao encontrar-me com meu pai e sua disposição para lutar e se defender, vejo que apenas deram forças para que esse genuíno homem possa continuar sua história de garra, HONESTIDADE e defesa daquilo que sempre acreditou.

Nossa família entra agora em um período de incertezas. Não sabemos o que virá e para que seja possível aguentar o que vem pela frente pedimos encarecidamente o seu apoio. Seja divulgando esse e/ou outros textos que existem em apoio ao meu pai, seja ajudando no cuidado a duas crianças de 4 e 5 anos que idolatram o avô e que talvez tenham que ficar sem sua presença, seja simplesmente mandando uma palavra de carinho. Nesse momento qualquer atitude, qualquer pequeno gesto nos ajuda, nos fortalece e nos alimenta para ajudar meu pai.

Ele lutará até o fim pela defesa de sua inocência. Não ficará de braços cruzados aceitando aquilo que a mídia e alguns setores da política brasileira querem que todos acreditem e, marca de sua trajetória, está muito bem e muito firme neste propósito, o de defesa de sua INOCÊNCIA e de sua HONESTIDADE. Vocês que aqui nos leem sabem de nossa vida, de nossos princípios e de nossos valores. E sabem que, agora, em um dos momentos mais difíceis de nossa vida, reconhecemos aqui humildemente a ajuda que precisamos de todos, para que possamos seguir em frente.

Com toda minha gratidão, amor e carinho,

Miruna Genoino, 09/10/2012.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O desfile golpista - Quem são os organizadores de um protesto contra Dilma Rousseff no Dia da Independência.

POR ANDRÉ BARROCAL (do site CartaCapital.com.br)

As manifestações de junho começaram com a defesa do transporte público gratuito e de qualidade por militantes do Movimento Passe Livre (MPL), mas depois tomaram rumos novos e uma proporção inesperada. Aglutinados pelas redes sociais da internet, milhares de jovens foram às ruas contra “tudo isso que está aí”, sobretudo os partidos políticos. Nas mesmas redes sociais há quem tente articular outra explosão de protestos, agora no Dia da Independência. Não se sabe se o plano vai funcionar, mas uma coisa é certa: ao contrário dos acontecimentos de junho, o movimento nada tem de apartidário.

O alvo da “Operação Sete de Setembro” é a presidenta Dilma Rousseff. O caráter político-ideológico da “operação” fica claro quando se identificam alguns de seus fomentadores pela internet. Entre os mais ativos consta uma ONG simpatizante de uma conhecida família de extrema-direita do Rio de Janeiro, os Bolsonaro. E um personagem ligado ao presidente da Assembleia Legislativa e do PSDB paranaenses, Valdir Rossoni. É uma patota e tanto. Envolvidos em algumas denúncias de corrupção, não surpreenderia se eles mesmos virassem alvo de protestos.

A ONG em questão é a Brazil No Corrupt – Mãos Limpas, sediada no Rio. Seus principais integrantes são dois bacharéis em Direito, Ricardo Pinto da Fonseca e seu filho, Fábio Pinto da Fonseca. Há cinco anos eles brigam nos tribunais contra a Ordem dos Advogados do Brasil na tentativa de acabar com a exigência de uma prova para obter o registro de advogado. Os dois foram reprovados no exame da OAB. Em sua página na internet e no Twitter, a ONG promove a “Operação Sete de Setembro” e a campanha Eu não voto em Dilma: Eleição 2014, Brasil sem PT.

Um dos principais parceiros da entidade nas redes sociais é o deputado estadual fluminense Flávio Bolsonaro, do PP. Pelo Twitter, ele compartilha informações, opiniões e iniciativas da ONG. A dobradinha extrapola o mundo ­virtual. Bolsonaro comanda na Assembleia do Rio uma frente para acabar com a prova da OAB. Em Brasília, a ONG conseguiu um neoaliado, o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que encampou a ideia de extinguir o exame.

Filho do deputado federal Jair Bolsonaro, Flávio tem as mesmas posições do pai, célebre representante da extrema-direita nacional. Os Bolsonaro são contra o casamento gay, as cotas raciais nas universidades e os índios. Defendem a pena de morte e a tortura. Chamam Dilma de “terrorista” por ter ela enfrentado a ditadura da qual eles sentem saudade. “Naquele tempo havia segurança, havia saúde, educação de qualidade, havia respeito. Hoje em dia, a pessoa só tem o direito de quê? De votar. E ainda vota mal”, declarou o Bolsonaro mais jovem não faz muito tempo.

A ONG adota posturas parecidas com aquela dos parlamentares. Em sua página na internet, um vídeo batiza de “comissão da veadagem” alguns dos críticos da indicação do pastor Marco Feliciano para o comando da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Divulga ainda um vídeo de ­teor racista contra nordestinos, no qual o potencial candidato do PT ao governo do Rio, o senador Lindbergh Farias, nascido na Paraíba, é chamado de... “paraibano”.

A agressividade no trato com os semelhantes custou aos Fonseca uma denúncia à Justiça elaborada pelo Ministério Público Federal no ano passado. Pai e filho foram acusados de caluniar o juiz federal Fabio Tenenblat. Em 2009 e 2010, ambos entraram na Justiça com ­duas ações populares contra o exame da OAB e o então presidente da entidade no Rio, Wadih Damous. A segunda ação parou nas mãos de Tenenblat, que a arquivou em julho de 2011. Na sentença, o juiz acusa os autores de “litigância de má-fé”, pelo fato de manterem outra ação semelhante. “O dolo, a deslealdade processual e a tentativa de ludibriar o Poder Judiciário são evidentes”, anotou.

Na apelação levada ao juiz para tentar reabrir o caso, os Fonseca e seu advogado, José Felicio Gonçalves e Souza, acusaram Tenenblat de favorecer a OAB “por tráfico de influência ou por desconhecimento”, o que “demonstra claramente sua parcialidade e má-fé como magistrado”. Em maio de 2012, os três foram denunciados pela procuradora Ana Paula Ribeiro Rodrigues por crime contra a honra. Em novembro, um acordo suspendeu o processo por dois anos. Os acusados foram obrigados a se retratar publicamente, a se apresentar à Justiça de tempos em tempos e a pedir autorização sempre que pretenderem deixar o Rio por mais de 30 dias. Também levaram uma multa. Se descumprirem o acordo, o processo será retomado.

Ari Cristiano Nogueira, outro ativo incentivador nas redes sociais da “Operação Sete de Setembro”, também está na mira do Ministério Público. Morador de Curitiba, é investigado por promotores estaduais por supostamente ser funcionário fantasma do gabinete do deputado Rossoni.

Nogueira é um ativo militante na internet sob o pseudônimo Ary Kara. Por meio do Twitter, foi o primeiro a circular, em meados de julho, a notícia de que Dilma teria recebido na eleição de 2010 uma doação de 510 reais de uma ex-beneficiária do Bolsa Família, chamado por ele de “bolsa preguiça”. Dias depois, a doação, registrada na prestação de contas de Dilma entregue à Justiça eleitoral, virou notícia nos meios de comunicação. O Ministério do Desenvolvimento Social acionou a doa­dora, Sebastiana da Mata, para saber se a contribuição era dela mesmo. Ela negou.

Por Twitter e Facebook Nogueira é um dos difusores da convocação para o “maior protesto da história do Brasil”, em 7 de setembro. Sua página no Twitter é ilustrada com o dizer “Partido Anti Petralha”, forma depreciativa de se referir aos militantes petistas bastante difundida na rede de computadores. No Orkut, define-se como “conservador de direita” e manifesta preferência pelo PSDB. Até junho de 2012, era assessor do presidente do partido no Paraná, como contratado na Assembleia. Deixou o gabinete para trabalhar na campanha à reeleição do então prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, que concluía o mandato herdado em 2010 do atual governador do Paraná, o tucano Beto Richa.

Em 2010, uma série de denúncias levou o MP estadual a abrir um inquérito para apurar uma lista com mais de mil supostos funcionários fantasmas na Assembleia. Nogueira a integrava. Desde então, alguns suspeitos foram denunciados e julgados. O caso de “Ary Kara” segue em aberto. O promotor Rodrigo Chemim aguarda uma autorização judicial para quebrar o sigilo bancário do investigado. Espera ainda por respostas de empresas de segurança onde Nogueira teria trabalhado, enquanto deveria dar expediente no Parlamento estadual.

Rossoni, antigo patrão de Nogueira, foi investigado pelo Ministério Público por uso de caixa 2 na eleição de 2010, pois parte dos gastos de sua campanha não estava comprovada. Ao julgar o caso em agosto do ano seguinte, o Tribunal Regional Eleitoral reconheceu a existência de despesas de pagamento sem a devida comprovação, mas os valores foram considerados baixos e o deputado acabou absolvido por 4 votos a 2. 

Reeleito à presidência da Assembleia, o tucano foi recentemente acusado de receber benefícios de empresas donas de contratos de rodovias privatizadas no Paraná. Durante mais de dois anos, o parlamentar conseguiu barrar a criação de uma CPI do Pedágio no estado. Perdeu, porém, a guerra. A comissão parlamentar de inquérito foi instalada no mês passado.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Com a cara e a coragem.

Quem usa máscara não tem coragem de mudar um país de verdade. Porque haveria receio de mostrar seu rosto? Medo de ser identificado? Que revolucionários são esses que, de repente, brotaram das redes sociais? Vejo muitos de meus conhecidos, boa parte deles com pensamento de direita, outros que se dizem favoráveis ao anarquismo, defenderem o direito de se manifestar. Porém, minha grande curiosidade é: contra o que protestam mesmo? Dizem querer o fim dos escândalos de corrupção, e, ainda, melhoras na saúde e na educação. 

Ocorre que os manifestantes precisam saber de duas coisas. Por um lado, para que se possa mudar realmente uma sociedade, especialmente um país do tamanho do Brasil, faz-se necessário articulação política (palavra tão odiada por alguns), o que só se consegue através de movimentos sociais que tenham lideranças para que se possa coordenar e direcionar suas demandas, sem o quê qualquer grupo de pessoas na rua se transformaria apenas numa massa potencialmente violenta, mas sem capacidade de articulação, e destoante do ponto de vista ideológico e político. 

A necessidade de dialogar com o poder instituído é intransponível para qualquer movimento social que busque colocar em prática suas ideias de governo e de estado, ou do que seriam reais políticas públicas. Para que haja articulação social é indispensável tempo para que os grupos sociais sejam organizados e coordenados. Não vislumbro essa coordenação nos indivíduos que estão participando ativamente dos recentes protestos, tampouco me parece haver organizações sociais sólidas atuando por trás destes indivíduos. Grupos como o Anonymous, propagandeados pelas redes sociais, não tem qualquer base social no Brasil, e não sabemos em nome de que interesses políticos atuam.

Por outro lado, se o que buscam os manifestantes é um pais totalmente livre de corrupção ou de desvios de recursos públicos, sinto informá-los que, apesar de louvável, tal objetivo ainda não foi atingido por qualquer país na história. O ser humano, assim como as instituições políticas por ele criadas, carregam em seu âmago a imperfeição, e o fato de ser corruptível está incluído nesse contexto: observamos isso, inclusive, em agrupamentos humanos menores, como, por exemplo, em uma família, quando um irmão pega o biscoito de outro que estava num canto da geladeira e, ao ser questionado, desmente; ou quando um filho furta dinheiro da carteira de sua mãe. 

Temos que, sim, fortalecer as instituições responsáveis por fiscalizar os organismos estatais, com o objetivo de desnudar possíveis esquemas de locupletamento ilícito ou malversação de dinheiro público.

Já se sabe que, durante períodos de regime militar muito se desviou de recursos públicos, porém, na época, a população permaneceu ignorante aos desvios, pois a censura sobre os veículos de comunicação junto ao rígido controle sobre os órgãos públicos que deveriam fiscalizar o governo não permitiram o desnudamento dos esquemas de corrupção.

Devemos relembrar que já conquistamos enormes avanços nas últimas décadas, tanto em liberdades políticas quanto na área social. E mais, não podemos achar que vamos mudar o país apenas através de fotos de cartazes publicadas em redes sociais. Neste sentido, grandes manifestações necessitam de um desígnio minimamente conectado com a realidade social de seu país, para que não se tornem apenas um meio de uma numerosa minoria demonstrar poder de persuasão política, na contramão da liberdade de locomoção da maioria da população e, ainda, da liberdade de opinião. Pois, como disse Cynara Menezes, protestar contra tudo é o mesmo que protestar contra nada.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Corrupção e gastos: Brasil, é hora de olhar para o espelho

POR BOB FERNANDES


Dos 0,20 centavos dos ônibus e metrôs para a corrupção e desperdício de dinheiro público foi só um passo. O tema, embalado pelas "obras da Copa", está na agenda e nas ruas. Um ótimo momento para milhões de brasileiros olharem também, com muita atenção, para o espelho.

Porque, consequência inevitável, não existe corrupção sem corruptores. E corruptos e corruptores têm que, também inevitável, ter nascido e se criado em algum canto do planeta Terra.

Ainda, também uma evidência lógica, corruptos e corruptores moram e vivem, corrompem e são corrompidos em alguma cidade, estado, país. Que, no caso, certamente alguns se surpreenderão, é… no Brasil.

Além da Presidência e vice-presidência da República, no momento ocupadas por Dilma Rousseff e Michel Temer, o Brasil tem 27 governadores e 27 vice-governadores, 81 senadores, 513 deputados federais, 5.561 prefeitos, 5.561 vice-prefeitos, 1.059 deputados estaduais e 60.320 vereadores.

Assim, numa conta ligeira e certamente sujeita a imprecisões, o Brasil tem 73.149 "políticos", esses seres objeto de crescente repulsa. Cabem, em meio a tanta rejeição, algumas perguntas:

- De que planeta vieram os "políticos"? Chegaram ao Brasil numa nave especial, vindo de uma outra galáxia? Ou, talvez, algo mais próximo, como Júpiter?

Aplique-se, por hipótese, uma taxa mínima na média de renovação de mandatos, algo como 25% no tempo em que se dão eleições em todos os níveis e se chega a mais uns 18 mil novos "políticos" a cada quatro anos.

Por essa conta, e a renovacão estimada muito por baixo desde a redemocratizacão, em 1985, tivemos desde então algo como 110 mil cidadãos e cidadãs com novos mandatos parlamentares. Os tais "políticos".

Pergunta-se: De que planeta eles vieram? Onde, em que cultura, adquiriram esse odiento hábito, o da gatunagem que, ao que parece, é tão estranho aos brasileiros?

Outra pergunta: um "político" nasce com determinação genética para tal? É uma cidadã, um cidadão programado para maus hábitos e por isso se torna "político"?

Notemos alguns números em torno do mundo destes seres. Estatísticas atribuídas ao Brasil.

O Brasil tem um Produto Interno Bruto estimado em R$ 4,14 trilhões. Leio que estima-se a corrupção em até 2,4% do PIB. Portanto, uns R$ 100 bilhões. Estimativas mais modestas apontam para R$ 70 bilhões/ano.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) relata que 2.918 ações e procedimentos relativos à corrupção, lavagem de dinheiro e improbidade administrativa prescreveram por falta de julgamento em 2012.

Ou seja, em quase 3 mil casos os responsáveis escaparam por falta de julgamento. Por outro lado, em 1.637 ações na Justiça 205 terminaram em condenação.

Ainda a Justiça e corrupção: tornaram-se ações 1.763 denúncias contra acusados de corrupção e lavagem de dinheiro e 3.742 procedimentos judiciais relacionados à prática de improbidade administrativa.

No final do ano tramitavam 25.799 ações sobre corrupção, lavagem de dinheiro e improbidade. Os réus nessas ações são centenas de milhares de brasileiros. Se não prescrever, deverão ser julgados.

Parênteses. Nos idos do governo Collor estimava-se que as operações comandadas por PC Farias subtraíram mais ou menos R$ 1 bilhão.

No rastro daquilo, a Polícia Federal indiciou mais de 400 empresas e 110 grandes empresários. Só um grande personagem foi condenado. O finado PC Farias. Tudo mais prescreveu.

De volta à Justiça. O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), rastreou e mostrou: entre 2000 e 2010 as movimentações financeiras atípicas nos tribunais somaram R$ 855 milhões.

Ou seja, excetuado o que é feito com cuidado ou a miuçalha, em 10 anos beirou o bilhão o dinheiro suspeito a circular pelos tribuinais e seus altos e baixos funcionários, segundo o insuspeito Coaf.

Pergunta-se: em que planeta moram e trabalham, de onde vieram funcionários da Justiça suspeitos de embolsar pelo menos R$ 855 milhões de forma heterodoxa?

O ex-secretário da receita federal nos governos FHC, o atilado Everardo Maciel, relata: habitantes no Brasil, de todas as classes socais, devem – dívida já inscrita na União- mais de R$ 1 trilhão em impostos.

Não pagos por N motivos, ilegais e mesmo legais. E, claro, de muitos se ouvirá o fraseado “não pago porque vão roubar mesmo”.

Em tempo: em precatórios e assemelhados, o Estado e os estados brasileiros devem mais de R$ 100 bilhões aos cidadãos.

Pergunta: os que não pagam o R$ 1 trilhão em impostos são de onde? E que cultura admite Estado e estados não pagarem aos seus cidadãos uma dívida de mais de R$ 100 bilhões?

Como se vê e se verá na fúria dos fakes de redes socais e de alguns grupelhos fascistóides que têm se infiltrado na legítimas e democráticas manifestações nas ruas do Brasil, há os que sentem saudade do passado.

São os filhos, netos e já bisnetos da ditadura. Esse pessoal que ama Jair Bolsonaro, que baba ódio nas redes e prega um certo "Partido Militar".

Sem entrar em maiores considerações quanto aos 21 anos de ditadura, até porque a história já o fez, recordemos alguma coisa daquele passado.

No início dos anos 70, tendo o também general Golbery do Couto e Silva como grande mentor, o general e futuro presidente-ditador, Ernesto Geisel, revelou porque sentia-se obrigado a fazer a "Abertura Política".

Às páginas 150 e 151 do seu livro “História indiscreta da ditadura e da abertura, 1964-1985-“ o ex-ministro Ronaldo Costa Couto reproduz frase de Geisel ao Almirante Faria Lima:

- (…) Porque a corrupção nas Forças Armadas está tão grande, que a única solução para o Brasil é a abertura…

Frases nesse mesmo sentido sào atribuidas ao ex-presidente e general Castelo Branco e ao ex-ministro da Justiça e censor-mór da ditadura Armando Falcão.

De que planeta eram eventuais corruptos e corruptores daqueles tristes tempos de tortura, silêncio obrigatório e assassinatos politicos?

Ardorosos defensores do passado citam como novidadeiro, e fruto apenas da “política” de hoje a corrupção, e o desperdício de dinheiro público.

Encerremos com uns poucos entre muitos exemplos:

Transamazônica. Para, entre outros motivos, povoar a região e evitar a ocupação por estrangeiros, o governo dos anos 70 imaginou e fez construir uma estrada de 4.162 km. Ao custo de US$ 12 bilhões.

A amazônica estrada de R$ 35 bilhões – a preços de hoje-, segue com 2.200 Km ainda sem pavimentação.

Escândalo da Mandioca. Em Pernambuco, entre 1979 e 1981. Da agência do Banco do Brasil de Floresta desviaram Cr$ 1,5 bilhão (R$ 20 milhões) do Programa de Incentivo Agrícola, o PROAGRO.

Quem apurou e denunciou foi o procurador Pedro Jorge de Melo e Silva. Que terminou assassinado no dia 3 de Março de 1982.

Uma lista dos casos de então seria longa, exaustiva. Em 21/01/1983, o Banco Central decretou intervenção nas sociedades de crédito imobiliário do Grupo Delfin.

O grupo tinha a maior empresa privada de poupança do país, com mais de três milhões de depositantes, em 83 agências.

Jornais daqueles tempos, os alternativos que lutavam contra a censura, relataram gatunagem em obras como a hidrelética de Itaipu. E em certos contratos na Petrobras.

De tudo aquilo e muito mais, e sem poder ir às ruas como hoje, quanto se soube no país sob ditadura e censura?

E de que planeta vieram, ao longo desse meio século, da ditadura à redemocratização, os cidadãos e cidadãs que fizeram e permitiram que se fizesse tanto?

Não me deixei

Quase fui atacado pelo fantasma da mesmice...
Quase fui anestesiado pelo carma de ser reacionário,
do que me livrei porque, graças, corri pro dicionário!

Porque, às vezes, é mais fácil ser um tolo qualquer,
com ares de sábio, mas que não sabe amar.

Mas meu coração, velho de batalha, quase nunca se engana.
E não perdeu a coragem de se iludir com a esperança,
a esperança de acreditar no amanhã.

Neste dia que renasce toda manhã.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A estupidez de Oscar Schmidt

Há poucos dias Oscar Schmidt, ex-jogador de basquete, deu entrevista ao site Terra. O ex-candidato a senador pelo conservador Partido Progressista Brasileiro (PPB) afirmou ter aprovado as recentes manifestações pelo país, e ser a favor da pena de morte, mas, o que mais me chamou atenção em sua entrevista foi o tom preconceituoso de sua fala quando relacionou a popularidade dos candidatos do Partido dos Trabalhadores no Nordeste do Brasil com o programa Bolsa Família. Mais uma vez se vê a repetição de um velho discurso conservador. Novamente, assistimos uma personalidade chamar o programa de assistencialista e eleitoreiro. Acontece que quase ninguém tem a coragem de apresentar uma solução para o problema para a miséria, poucos estão realmente preocupados com o problema da fome e da distribuição de renda no Brasil.

Pois bem, muitos se apegam a exemplos negativos como o de pessoas que recebem a assistência do Bolsa Família indevidamente ou que usam o dinheiro do programa de forma equivocada, para condenar a iniciativa do governo federal. Esquecem de ver os dados positivos já amplamente divulgados, por exemplo aquiaquiaqui e aqui. A questão é que ainda há muita gente conservadora, raivosa por conta de ter de contribuir minimamente por uma real distribuição de renda. Obviamente as regiões mais carentes do Brasil (muitas das quais estão no Nordeste) são beneficiadas diretamente pelo programa, havendo um aumento da popularidade dos políticos que apoiam a iniciativa nessas mesmas regiões, o que é natural. Enxergar o programa como eleitoreiro ou assistencialista é fechar os olhos pra questão da desigualdade e da miséria que ainda persiste em nosso país, e colocar em primeiro plano interesses pessoais ou de classe, especialmente porque aqueles que criticam certamente não recebem o Bolsa Família.

Lembro, também, que o programa é nacional e não atende apenas ao Nordeste. Não sei porque o Oscar fala apenas de minha região. Noto um pouco de preconceito contra nordestinos em sua fala, camuflado por um falso discurso político. Talvez ele pense que só existe pobreza no Nordeste... Mas, enfim, aconselho todos a lerem matérias em sites confiáveis sobre os resultados do programa Bolsa Família, para que possam refletir melhor sobre os reais benefícios que ele trouxe para muitas regiões do Brasil.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

É um país (de sofrida memória)

É um país que vem da brasa.
Um país fumegante.
Como todos os outros, de bêbados e errantes.
Porém sem porém, sem antes.

Pois é um país de gente sofrida.
De sofrida gente.
Gente de memória sofrida.
E, também, um país de sofrida gente de memória.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Good morning, midnight! (Bom dia, noite!)

Good morning, Midnight!
I’m coming home,
Day got tired of me –
How could I of him?

Sunshine was a sweet place,
I liked to stay –
But Morn didn’t want me – now –
So good night, Day!


Bom dia, Meia-Noite!
Regresso a casa,
O Dia se cansou de mim –
Como puderia eu dele?

O brilho do sol é um lugar doce,
Em que gosto de estar –
Mas a Manhã não me quer – agora
Então, Boa noite, ó Dia!

(tradução livre)

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Partidário

Tem gente que prefere não ter governo a ter um governo do PT, eleito pelo povo. Nenhum movimento que proíba bandeiras ou partidos pode se dizer democrático. A sociedade civil organizada não pode abrir mão de partidos políticos, há que se ter governo, e há que se ter oposição. Porém, esta última não tem o direito de transformar sua insatisfação num motim, pronto a tomar de assalto o poder político conquistado democraticamente nas urnas.

Ainda não consigo escrever friamente sobre o caráter das recentes manifestações. Inclusive, penso ser tarefa difícil traçar um perfil dos manifestantes, pois estes, assim como suas reivindicações, têm perfis muito heterogêneos.

Apesar disso, constato a presença de muitas pessoas pouco ligadas a movimentos sociais, impulsionadas pelo refluxo das redes sociais. Assim como, percebo a ausência de profundidade política em muito dos manifestantes, os quais estão indo às ruas por motivos narcisistas, do tipo "este evento eu não posso perder".

Da mesma forma, parece-me que este é um movimento eminentemente não-popular, posto que grande parte dos manifestantes provém da classe média, especialmente a classe média anti-petista, carente de uma oposição sólida ao governo Dilma.

Porém, dentro do movimento maior, alimentado pelas redes sociais, há, sim, ao meu ver, alguns movimentos populares, com uma causa real e digna, como me parece ser o caso do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa 2014, que se fez muito presente nos protestos ocorridos em Belo Horizonte.

São trabalhadores, vendedores, pessoas que tinham lanchonetes e outros pequenos negócios nas imediações do Mineirão, ou de outros estádios, além de moradores que foram removidos da área, pessoas diretamente prejudicadas pela modernização e "higienização" dos estádios que abrigarão a Copa do Mundo 2014.

Acontece que, de minha parte, são impressões iniciais.

Assusta-me o perfil anti-democrático de alguns manifestantes, como aqueles que pedem o impeachment de Dilma, sem que haja nenhuma razão para isso. Estes a culpam por deficiências que existem em nosso país desde tempos imemoriais, como a falta de investimento em saúde e educação, e a corrupção. Ocorre que tais deficiências vêm sendo combatidas desde o governo Lula, ainda que persistam em um grau indesejado.

Mas, especialmente no que tange à corrupção, tenho boas impressões das políticas traçadas por Lula, e, agora, por Dilma. Ora, se os escândalos surgiram e vieram à tona não deixa de ser um fato positivo, pois, antes, muito pouco se sabia sobre o desvio de dinheiro público, mas isso porque muito era escondido e empurrado para debaixo do tapete, não havia tanta investigação. Em especial, a Polícia Federal tem se destacado como um órgão efetivo no combate à improbidade administrativa e à corrupção.

Por isso, não compactuo com aqueles que só criticam o governo, sem reconhecer as conquistas deste governo e do governo de Lula, falando dos últimos governos em nível federal. Há muito o que se fazer, porém há que se valorizar o que já foi feito.

Obs.: Reconheço que os políticos estavam numa letargia perigosa, e que o movimento serviu para que dela saíssem. Acredito que, nos últimos dias, os governos, em nível federal, estadual e municipal, assim como o Congresso Nacional, mobilizou-se e trabalhou mais do que havia feito durante quase todos os meses do ano. Isso sim é uma conquista.

Enquanto isso, nas páginas amarelas...

 “[...] O verdadeiro partido de oposição é a mídia nativa. Como tal age, à vontade diante da condescendência de um governo incapaz de reagir à altura, por motivos desconhecidos, às agressões diuturnas.

Parece até vocação mulher de apache na sua inspirada exibição na Place Pigalle. Perfeito no papel de ministro do plim-plim, Paulo Bernardo. Nas páginas amarelas da já citada edição histórica da Veja, o ministro aparece, com direito a foto em pose de varão Plutarco, para anunciar o propósito de acabar de vez com a ‘obsessão do PT de censurar a imprensa’. Quem sabe o nosso herói seja apartidário. 

Ora, ora, o ministro endossa a tese da mídia nativa, e lhe oferece o indispensável apoio, enquanto a Secom, entidade inexistente em países mais democráticos e civilizados, distribui à mídia a publicidade governista com generosidade invulgar, especialmente às Organizações Globo, premiadas anualmente com mais de 900 milhões de reais.

A liberdade reclamada pelo jornalista pátrio é a liberdade de fazer o que bem entende, inclusive inventar, omitir e mentir. E o que diz Paulo Bernardo? Que assim seja. Interessante observar que na última página da mesma edição da nau capitânia da frota abriliana leio a seguinte interpretação das passeatas: ‘O povo está dizendo que este governo de farsa montado por Lula há mais de dez anos rouba, mente, desperdiça, não trabalha, trapaceia, entrega-se aos escroques, cobra cada vez mais imposto e fornece serviços públicos vergonhosos’. Suponho que, na opinião de Veja, o governo de Fernando Henrique tenha trafegado por rotas opostas e fornecido ao povo serviços públicos primorosos. [..]”

por Mino Carta

sábado, 22 de junho de 2013

What is this, "companheiro"?

Confiram artigo publicado originariamente no excelente blog Tijolaço, o qual revela uma campanha obscura por trás das manifestações que acontecem nas principais cidades do país. Segue o artigo, abaixo:

Recebi e copio aqui um texto da maior importância, que deve ser lido por todos os que ainda duvidam da presença de grupos organizados de provocadores e por gente contrária ao Brasil que se aproveita dos desejos generosos que movem os jovens que estão se manifestando em todo o Brasil.

Tem boi na linha. #changebrazil? Qual seus interesses?

“Quanto mais pessoas colocarem pressão sobre o Brasil, mais rápido o Brasil terá que se dobrar” Diz porta-voz anônimo do movimento ChangeBrazil

Nem tudo que está acontecendo parece ser espontâneo. Qualquer pessoa que já tenha trabalhado com planejamento de campanha publicitária, especialmente online, sabe que algo assim é possível. Não é tão diferente de planejar o lançamento de um filme ou turnê para o público jovem.

Há um movimento na internet, que surgiu no dia 14 de junho, voltado principalmente para jovens, chamado #changebrazil (surgiu assim mesmo, em inglês). Em português o nome do movimento é Muda Brasil. Esse movimento postou vídeos, aparentemente espontâneos, que foram vistos por mais de 1 milhão de pessoas, a maioria deles jovens (muitos secundaristas) que estão indo para as manifestações em clima de festa e máscara V de Vingança.

Na quinta-feira, dia 13 de junho a polícia de Geraldo Alckmin (PSDB) reprimiu de forma violenta manifestantes do Movimento Passe Livre, cidadãos e jornalistas. Logo no dia seguinte a grande imprensa passou a defender o movimento e surgiu um vídeo, em inglês, com legendas em inglês, que se intitulava “Please Help us” (Por favor, nos ajude). O vídeo, com um narrador com visual rebelde (alguém sabe quem ele é?) que já foi visto por mais de 1 milhão e 300 mil pessoas, passa rapidamente sobre tarifa de ônibus, critica a mídia e estimula aos jovens o ódio contras os políticos, enaltece o STF e estimula quem ver o vídeo a espalhá-lo e debater o assunto na internet. Sugiro que quem não entende o clima da juventude no protesto ou que tem ilusões de que eles são de esquerda, o assista. http://youtu.be/AIBYEXLGdSg

O vídeo parece simples, mas a iluminação e fundo é profissional, foi feito em estúdio, e se prestar atenção, verá que o manifestantes (alguém o conhece?) de inglês perfeito, está lendo um teleprompter. O vídeo é feito em inglês, mas a maioria dos comentários é de brasileiros. Não há acessos a estatísticas. O vídeo foi feito e visto provavelmente por brasileiros, jovens, de classe média e alta que falam inglês. Fala da Copa do Mundo (preste atenção: todos falarão). E termina dizendo que “o povo é mais forte que aqueles eleitos para governá-los”.

Que movimento pelo Passe Livre faria um vídeo em inglês ? Que é esse sujeito? Quem pagou essa produção, feita em estúdio com teleprompter? http://youtu.be/AIBYEXLGdSg

As dicas sobre quem ele é o que as pessoas que estão por trás disso querem estão no segundo vídeo, postado durante as manifestações de segunda-feira. Este fala em português. Carregado de sotaque, celebra a tomada do Congresso Nacional por “protestantes” (sic). Esse vídeo foi menos visto, mas não pouco visto, são 66 mil pessoas. http://youtu.be/z-naoGBSX9Y Ele dá parabéns pela manifestação, pelas pessoas mostrarem que “amam” seu país. E segue para dar instruções. Cita as hashtags #changebrazil e o #brazilacordou. Diz que o público não pode se desconcentrar nisso pelo gol do Neymar, ou pelo BBB. Diz que não devem falar de outros assuntos. Mas ao mesmo tempo a mensagem é vazia além de “Muda Brasil”. Ele se refere sempre sobre o que acontece como isso. E no minuto 2:06 ele diz para as pessoas fazerem o material para o exterior porque “quanto mais pessoas colocarem pressão sobre o Brasil, mais rápido o Brasil terá que se dobrar”.

Que movimento é esse que quer mudar o Brasil fazendo ele se dobrar?

Ele mistura nas pautas do seu “movimento coisas que todos defendem, como contra a corrupção, e mais verbas para saúde e educação. Talvez por “coincidência” as mesmas pautas centrais, com a mesma linha de discurso foi postada em um vídeo suspostamente feito pelo grupo Anonymous justamente quando as tarifas iam baixar para propor novas causas. Ele já foi visto por 1 milhão e 400 mil pessoas http://youtu.be/v5iSn76I2xs Importante lembrar que como os vídeos do Anonymous usam imagem padrão e voz falada por digitada pelo Google, e são postadas em contas do Youtube aleatórias qualquer um pode fazer um vídeo se dizendo Anonymous.

O nosso amigo de sotaque não é o único vídeo que veio de fora. Já ficou famoso o vídeo de uma menina bonitinha, Carla Dauden, uma brasileira que mora em Los Angeles, falando contra a Copa do Mundo. Na descrição do vídeo ela diz que tinha feito o vídeo antes dos protestos (talvez para justificar a produção apurada), mas postou no dia 17 de junho . Carla diz Mais de 2 milhões de pessoas o viram. De novo, em inglês com legendas. Pretensamente para o exterior, mas de novo a maioria dos comentários é brasileiro. Ou seja, são para jovens que falam inglês. Diz mentiras como que os custos do evento teriam sido 30 bilhões de dólares, o que parece que os estádios custaram isso. Quando na verdade os custos reais são 28 bilhões de dólares, a maior parte em obras de mobilidade urbana, não estádios – veja o vídeo aqui http://youtu.be/ZApBgNQgKPU Mas quem está checando acusações?

Prestem atenção. A soma de apenas esses 3 vídeos somente deu 5 milhões de visualizações no Youtube.

Dê uma busca por changebrazil ou Muda Brasil, o nome dos vídeos em português do “movimento” que quer dobrar o Brasil no Youtube, e descubra você mesmo. Será que está acontecendo um 1964 2.0?

Por: Fernando Brito

Fonte: http://www.tijolaco.com.br/index.php/what-is-this-companheiro/

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Há muito tempo eu queria ter dito isso sobre Lobão.

 Eis que Cynara Menezes escreveu o que eu queria ter escrito. Só agora descubro o seu texto, publicado em 01/11/2012. Criticou com veemência toda a imbecilidade que nos é vomitada por quem já foi um grande artista, mas que hoje vive na sombra de um passado criativo. Refiro-me a Lobão, de quem já fui um quase fã em razão de suas músicas. Acontece que, hoje em dia, ele tem ocupado demasiado tempo em criticar tudo que tenha alguma relação com a cultura brasileira, como se ele fosse um alienígena que pousou por essas bandas, com algum traço de superioridade, além de querer escandalizar com outras asneiras sobre política.

Sem mais delongas, segue abaixo o texto originalmente publicado no blog Socialista Morena:




Nem todo direitista é derrotista, mas todo derrotista é direitista. Reparem no capricho do léxico: as duas palavras são quase idênticas. Ambas têm dez letras, soam similares e até rimam. Se você tem dúvida se alguém é de direita observe essas características. Começou a falar mal do Brasil e dos brasileiros, a demonstrar desprezo por tudo daqui, a comparar de forma depreciativa com outros países, é batata. Derrotista/direitista detectado.

Temos hoje no Brasil duas personalidades célebres pelo derrotismo explícito e pelo direitismo não assumido: os roqueiros Lobão e Roger Moreira, do Ultraje a Rigor. Eu ia citar também Leo Jaime, outro direitoso do rock nacional, mas não posso classificá-lo como um derrotista típico –fora isso, no entanto, cabe perfeitamente no figurino que descreverei aqui. Os três são cinquentões: Lobão tem 55, Roger, 56 e Leo, 52.

Da geração dos 80, Lobão sempre foi meu favorito. Eu simplesmente amo suas canções. Para mim, Rádio Blá, Vida Bandida, Vida Louca Vida e Decadence Avec Elegance são clássicos. Além de Corações Psicodélicos, em parceria com Bernardo Vilhena e Julio Barroso, ai, ai… Adoro. E não é porque Lobão se transformou em um reacionário que vou deixar de gostar. Sim, Lobão virou um reaça no último. Alguém que voltasse agora de uma viagem longa ao exterior ia ficar de queixo caído: aquele personagem alucinado, torto, jeitão de poeta romântico, que ficou preso um ano por porte de drogas, se identifica hoje com a direita brasileira mais podre.

Não me importa que Lobão critique o PT ou qualquer outro partido. O que me entristece é ele ter se unido ao conservadorismo hidrófobo para perpetrar barbaridades como a frase, dita ano passado, em tom de pilhéria: “Há um excesso de vitimização na cultura brasileira. Essa tendência esquerdista vem da época da ditadura. Hoje, dão indenização a quem seqüestrou embaixadores e crucificam os torturadores, que arrancaram umas unhazinhas”. No twitter (@lobaoeletrico), se diverte esculhambando o país e os brasileiros, sempre nos colocando para baixo. “Antigamente éramos um país pobre e medíocre… terrível. Hoje em dia somos um país rico e medíocre… pior ainda”, escreveu dia desses.

Os anos não foram mais generosos com Roger Moreira, do Ultraje. O cara que cantava músicas divertidíssimas como Nós Vamos Invadir Sua Praia, Marylou ouInútil virou um coroa amargo que deplora o Brasil e vive reclamando de absolutamente tudo com a desculpa de ser “contra os corruptos”. É um daqueles manés que vivem com a frase “imagine na Copa” na ponta da língua para criticar o transporte público, por exemplo, sem nem saber o que é pegar um ônibus. Os brasileiros, segundo Roger, são um “povo cego, ignorante, impotente e bunda-mole”. Sofre de um complexo de vira-lata que beira o patológico. Ao ver a apresentação bacana dirigida por Daniela Thomas ao final das Olimpíadas de Londres, tuitou, vaticinando o desastre no Rio em 2016: “Começou o vexame”. Não à toa, sua biografia na rede social (@roxmo) é em inglês.

Muita gente se pergunta como é que isso aconteceu. O que faz um roqueiro virar reaça? No caso de ambos, a resposta é simples. Tanto Roger quanto Lobão são parte de um fenômeno muito comum: o sujeito burguês que, na juventude, se transforma em rebelde para contrariar a família. Mais tarde, com os primeiros cabelos brancos, começa a brotar também a vontade irresistível, inconsciente ou não, de voltar às origens. Aos poucos, o ex-revoltadex vai se metamorfoseando naqueles que criticava quando jovem artista. “Você culpa seus pais por tudo, isso é um absurdo. São crianças como você, é o que você vai ser quando você crescer” –Renato Russo, outro roqueiro dos 80′s, já sabia.

O carioca Lobão, nascido João Luiz Woerdenbag Filho, descendente de holandeses e filhinho mimado da mamãe, estudou a vida toda em colégio de playboy, ele mesmo conta em sua biografia. O paulistano Roger estudou no Liceu Pasteur, na Universidade Mackenzie e nos EUA. Nada mais natural que, à medida que a ira juvenil foi arrefecendo –infelizmente junto com o vigor criativo– o lado burguês, muito mais genuíno, fosse se impondo. Até mesmo por uma estratégia de sobrevivência: se não estivessem causando polêmica com seu direitismo, será que ainda falaríamos de Roger e Lobão? Eu nunca mais ouvi nem sequer uma música nova vinda deles. O Ultraje, inclusive, se rendeu aos imbecis politicamente incorretos e virou a “banda do Jô” do programa de Danilo Gentili.

Enfim, incrível seria se Mano Brown ou Emicida, nascidos na periferia de São Paulo, se tornassem, aos 50, uns reaças de marca maior. Pago para ver. Mas Lobão e Roger? Normal. O bom filho de papai à casa torna. A família deles, agora, deve estar orgulhosíssima.

por Cynara Menezes.


sexta-feira, 31 de maio de 2013

Diga o que quiser, só não diga:

Que tempo vale dinheiro, porque vale muito mais.
Que suas lágrimas foram em vão, porque nunca são.
Que a dúvida é besta, não...
Que sua vida é dura, porque a do próximo pode ser ainda mais...

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Entrevista com Dom Pedro Casaldáliga, em 1988.


Nascido em 16 de fevereiro de 1928, em Balsareny, município da província de Barcelona, o bispo Dom Pedro Casaldáliga está radicado no Brasil desde 1968. Atualmente, é bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia. Adepto da Teologia da Libertação, foi ameaçado de morte em algumas oportunidades, sobretudo durante o regime militar. Engajou-se em lutas sociais, destacando-se, atualmente, na defesa dos direitos dos índios xavantes, que foram expulsos de suas terras para realização de projetos agropecuários, tendo sido a região, posteriormente, invadida por posseiros e fazendeiros.

Devido às constantes ameaças feita pelos ocupantes da Terra Indígena de Marãiwatsédé, Dom Pedro Casaldáliga não vive mais em sua residência, em São Félix do Araguaia, desde dezembro de 2012. Foi levado por policiais federais a local desconhecido, cerca de 1.000 quilômetros dali.

Fonte: Wikipedia: Pedro Casaldáliga

domingo, 19 de maio de 2013

"Vale dos esquecidos" (2012)



Trata-se de documentário que aborda a disputa de terra entre fazendeiros, posseiros, sem-terra e índios, nos Municípios de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia e São Félix do Araguaia (MT). O filme relata, de maneira especial, o drama vivido pelos índios xavantes que ocupavam a região quando, em 1966, foram colocados dentro de um avião de carga da FAB (Força Aérea Brasileira) e expulsos de suas terras.

Direção: Maria Raduan

Links relacionados:
http://valedosesquecidos.com.br/
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1261498-brasil-tenta-corrigir-erros-do-passado-com-indios-xavantes-em-mt.shtml
http://colunistas.ig.com.br/poderonline/2013/04/23/indios-do-mato-grosso-vai-entregar-relatorio-de-violacoes-dos-direitos-humanos-a-comissao-da-verdade/

sábado, 18 de maio de 2013

Confissões do latifúndio

"Por onde passei,
plantei
a cerca farpada,
plantei a queimada.

Por onde passei,
plantei
a morte matada.

Por onde passei,
matei
a tribo calada,
a roça suada,
a terra esperada...

Por onde passei,
tendo tudo em lei,
eu plantei o nada."

Pedro Casaldáliga

Fernando Morais tripudia de ex-jornalista da Veja, na 7ª edição da Fliporto.



Fernando Morais e Leandro Narloch divergiram durante debate sobre a América Latina ocorrido na Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto) de 2011. A bem da verdade, não foi um debate, foi um massacre de Fernando Morais... Narloch criticou os governos de Cuba e da Venezuela (o que esperar de um ex-jornalista da Veja?). Enquanto isso, Fernando Morais tratou de dar um choque de realidade no rapaz, dizendo que o capitalismo está longe de ser o mais justo dos sistemas, e que não prima pela justiça social (algo como: 2+2 são quatro mesmo, meu pequeno), sendo efusivamente aplaudido pela platéia.

terça-feira, 14 de maio de 2013

minhas horas


Passam solitárias, anônimas.
Cuspidas pelos ventos.
Cheias de poluição.
Em meio ao tumulto.
Carente de memórias.
Aguardando mudanças.
Triste porque não veio.
Às vezes com receio.
A sonhar com glórias.
Passam minhas horas.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

lá fora

Fui lá fora só pra ver o mar,
fui lá fora ver como o céu está,
fui lá fora esquecer de minhas preocupações,
fui lá fora pra aqui ninguém me achar,
fui lá fora ver o trem passar,
fui lá fora esperar dar a hora de partir,
fui lá fora ver o povo sorrir,
fui lá fora sem ter pra onde ir,
fui lá fora pois você não está mais aqui,
fui lá fora à espreita do porvir,
fui lá fora pois por mim ninguém pode ir.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Campanha inteligente contra abuso infantil, na Espanha.


Campanha contra abuso infantil realizada por ONG, na Espanha, tem imagem e mensagem secreta que só são vistas na altura dos olhos de uma criança. Desta forma, caso o agressor esteja em sua companhia não pode enxergar a mensagem.

sábado, 4 de maio de 2013

maio de 1968 ou Do mês que a juventude dominou um país.

Um mês dos sonhos de qualquer revolucionário, um mês de terror para qualquer reacionário.
Trama-se contra o governo, contesta-se o status quo.
Cuspiu-se na cara da burguesia que as indústrias iam bem, mas o povo não estava nada satisfeito.
Mas isso tudo aconteceu na França, em maio de 1968, ou pelos menos é o que dizem a internet e os livros.  Mas... vai-se lá saber. Vivo no Brasil e não sei porque tanto glamour sobre esse tal de 1968.
Talvez seja porque de fato naquele mês e naquele local se sentiu realmente o cheiro de algo revolucionário, algo que de fato mobilizou não só estudantes e não só trabalhadores, mas ambas as classes.
Pois bem, foi em maio de 1968, lá se vão 45 anos, eu tenho 28, mas desde jovem escuto ou leio sobre esse ano histórico. Façamos então com que esse ano esteja sempre presente em nossas vidas.

E lembre-se do que disse Bhaddekaratta Sutta: "Não siga o passado, não se perca no futuro. O que é passado foi deixado para trás. O futuro ainda não foi alcançado. Tudo o que importa é o presente que você vê claramente aqui, bem aqui."

domingo, 21 de abril de 2013

Festival Audio Visual Cine-PE

Começa na próxima sexta-feira (26/04) o Festival Audio Visual Cine-PE, mais conhecido como Festival de Cinema do Recife. A mostra competitiva acontecerá no Centro de Convenções, até o dia 02 de maio. Os ingressos custarão R$ 10,00 (inteira), e R$ 5,00 (meia).

Para maiores informações acesse: http://www.cine-pe.com.br/

sábado, 20 de abril de 2013

Mario José García Amado Dostoiévski


Lá estava o General em seu Labirinto, o qual incluía um caminho para as Tendas dos Milagres, e outro para a Casa Verde. A verdade, porém, é que ele queria seguir por outra estrada. O Amor do Soldado era, além de Gabriela, cravo e canela, Teresa Batista cansada de guerra. Ouviu-se, então, a Notícia de um Sequestro. Suspeitam dos Irmãos Karamazov, porém faltam pistas para O sumiço da santa. Comentam ter sido a Crônica de uma Morte anunciada, e os detetives, desesperados, procuram pistas até nos Cadernos de Dom Rigoberto, o marido da santa desaparecida. O povo até deixou para lá A incrível e triste história de Cândida Eréndira e sua avó desalmada, a qual, a bem da verdade, ninguém nunca compreendeu se era verídica. Foi quando, de repente, subiu um Cheiro de Goiaba, no momento em que todos observavam a Bola e o Goleiro, antes da cobrança do pênalti. Terá sido uma das Travessuras da Menina Má? Parece que ela nunca leu o Evangelho Segundo Jesus Cristo, tampouco qualquer Ensaio sobre a Lucidez. Logo, o povo esqueceu o jogo de futebol, quando O Idiota, Entre amigos, narrou o Relato de um Naufrágio. Falou para a Cidade e os cachorros. Disse, ainda, que faltava pouco para A guerra do Fim do Mundo, que seria entre norte-coreanos e norte-americanos, segundo consta.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Entrementes

Cansei de poesia, por isso irei dizer ao mundo inteiro,
Que qualquer conquista é motivo de alegria,
Que sou materialista, mas não vivo por dinheiro,
E, por sinal, havia dito que cansei de poesia,
Mas, entrementes, meu respiro, a noite virou dia,
E a confusão de Recife, harmonia.

Quaisquer valores.

Até quando vamos dizer que o Brasil foi descoberto se aqui já existia uma sociedade e uma cultura viva?
Porque uma sociedade multicultural se apega tanto a elementos cristãos?
Até onde vivemos de acordo com nossas ideias?
Até onde iríamos por nossos ideais?
Até onde é saudável lutarmos por nosso próprio bem estar se isso não vai ao encontro do bem estar coletivo?
O Brasil é um país racista?

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Pelé



Dois clubes ingleses disputavam o jogo final do campeonato. Não faltava muito para o apito final, e seguiam empatados, quando um jogador se chocou com o outro e caiu estatelado no chão.

A maca retirou-o do gramado e, num piscar de olhos, toda a equipe médica começou a trabalhar, mas o desmaiado não reagia.

Os minutos se passaram, e os séculos, e o treinador estava quase engolindo o relógio com agulhas e tudo mais. Ele já havia feito todas as substituições permitidas. Seus meninos, dez contra onze, defendiam-se o melhor que podiam, mas não havia muito o que podiam fazer.

A derrota estava por vir, quando, de repente, o médico correu para o treinador e lhe disse eufórico:

- Consegui! Ele está acordando!

E em voz baixa, acrescentou: - Mas não sabe quem é.

O treinador aproximou-se do jogador, que murmurou incoerências, enquanto tentava se levantar, e, ao pé do ouvido, informou-lhe: - Você é o Pelé.

Ganharam de cinco a zero.

Anos atrás eu ouvi, em Londres, esta mentira de que estava dizendo a verdade.

(Eduardo Galeano - Espejos. Una historia casi universal) - Tradução livre.

terça-feira, 16 de abril de 2013

A violência assola o futebol nordestino.

No último domingo (14/04) dois torcedores foram mortos a tiro quando se dirigiam para o estádio Castelão, onde iriam acompanhar o clássico Ceará x Fortaleza. Em 16 de fevereiro, após um ônibus com torcedores do Sport passar em frente ao estádio do Náutico, um torcedor do Náutico foi baleado na nuca por um homem que fazia a escolta do ônibus. A violência no futebol nordestino nesse começo de ano assusta. Um retrato da falta de cultura e valores de nossa sociedade, infelizmente.

O site Espn.com.br publicou matéria sobre os casos recentes de violência no futebol do Nordeste. Confira aqui o texto completo.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Filme sobre João Pedro Teixeira, líder das Ligas Camponenas.



O filme Cabra Marcado para morrer conta a história de João Pedro Teixeira, importante líder das Ligas Camponesas, paraibano, assassinado em abril de 1962 por conta de seu envolvimento na luta por reformas sociais no campo. Está em cartaz no Cinema da Fundação nesta terça (16/04), às 20:15, e nesta quinta (18/04), às 18:30.


Confira abaixo texto retirado do site Onordeste.com, contando a história de João Pedro Teixeira:

João Pedro Teixeira nasceu em 4 de março de 1918, em Pilõesinhos, naquele tempo um distrito do município de Guarabira (PB). É filho de um pequeno produtor do mesmo nome (João Pedro Teixeira) e Maria Francisca da Conceição do Nascimento.

Toda a revolta de João Pedro contra o modo de trabalho imposto aos camponeses começou com os ensinamentos de seu pai, que se envolveu em um conflito na propriedade, da qual era arrendatário. Não aceitou que o proprietário quisesse se apossar de uma parte das terras. A disputa começou na época em que nasceu o futuro líder das Ligas Camponesas, e durou seis anos. A tensão era muito grande, que num forró, dois filhos do dono com mais dois capangas provocaram uma briga. Para não morrer, João Pedro, pai, acabou matando os dois. Fugiu e nunca mais foi visto. Esta dor o filho carregou por toda a vida.

A mãe mudou-se para Guarabira e depois para Sapé. Levou a filha, mas João Pedro foi entregue aos avós. Quando o avô morreu, um irmão do pai terminou criando João Pedro Teixeira, em Massangana, em Cruz do Espírito Santo.

Ali João Pedro aprendeu trabalhar na roça, mas quando ficou de maior, foi trabalhar na pedreira perto de Café do Vento. Aí conheceu Elisabete com quem se casou em 26 de julho de 1942, tendo que fugir, pois os pais eram contra. Elisabete tinha 17 anos de idade; era a mais velha dos nove filhos de Manoel Justino da Costa e de Altina Maria da Costa.

De 1942 a 1944, o casal morou no Sítio Massangana, onde o gerente do Engenho Massangana era Luiz Pedro, tio de João Pedro, que os tratou como filhos. João Pedro ajudava o tio. Mas por discordar do tratamento que o tio dispensava aos trabalhadores acabou deixando o roçado. Abrigou Elisabete e o bebê (Marluce) na casa da mãe dele em Sapé, e foi procurar serviço em Recife. Em janeiro de 1945, levou a família para Jaboatão, onde foi trabalhar numa pedreira.

Logo apareceram as injustiças na pedreira e João Pedro se tornou o líder dos operários. Foi se aproximando do Partido Comunista e, em 1948, começaram as reuniões em sua casa. Criou o Sindicato dos Operários de Pedreiras, tendo ele sido eleito presidente. As perseguições não tardaram. João Pedro não conseguia mais emprego. Elisabete conseguiu ganhar um pouco num mercado, mas a pobreza era demais. Euclides Justino da Costa, irmão mais velho de Elisabete, encontrou-os em 1954. Ficou com pena de vê-los, com 6 filhos, naquela penúria. Convidou-os a voltar para Sapé e tomar conta de um sítio recém comprado pelo pai de nome Antas do Sono, vizinho do Sítio do Pai. Mesmo com receio do pai, que não escondia não gostar do genro, pobre, preto e teimoso, voltaram para Sapé, na Paraíba, em maio de 1954.

Nessa época, João Pedro já conhecia as Ligas, no Engenho Galiléia, em Pernambuco. O sogro Manoel Justino até ajudou, dando alguns moradores da sua fazenda para limpar o roçado do genro, e preparar a terra para o plantio. Logo, João Pedro observou que estes moradores só traziam um pouco de farinha, rapadura e piaba para almoçar. Não tardou para descobrir que aquela era a situação de todas as famílias camponesas da redondeza.

Em 1955, aconteceu o primeiro Encontro dos Camponeses de Sapé, na casa de João Pedro, com a presença de outros líderes como Nego Fuba (João Alfredo Dias) e Pedro Fazendeiro (Pedro Inácio de Araújo) - os dois primeiros desaparecidos políticos do Regime Militar de 1964.

A reação do pai de Elisabete e de todos os latifundiários foi grande. João Pedro foi preso no dia seguinte e espancado. Mesmo assim a luta continua com reuniões relâmpagos nas fazendas, nas feiras e na sapataria de Nego Fuba, em Sapé. O movimento crescia, atraindo também gente graúda da cidade. A luta para eliminar o "cambão" (a obrigação de trabalhar um dia de graça na terra do proprietário) foi o principal argumento para criar uma entidade associativa para acolher os trabalhadores e organizá-los melhor.

Assim, em fevereiro de 1958, a Associação dos Lavradores Agrícolas de Sapé, conhecida pelo nome de "Ligas Camponesas de Sapé", foi fundada, tendo João Pedro como vice-presidente. Ele também representava 14 Ligas Camponesas, na Federação das Liga Camponesas da Paraíba, da qual também era vice-presidente, em 1961. Nesta função viajava muito para João Pessoa para reuniões e reivindicações em benefício dos camponeses, junto ao governador Pedro Gondim.

As ações em defesa dos direitos dos camponeses eram feitas em mutirões com centenas de companheiros, que eram transportados em caminhões. Eram ações para arrancar cercas, plantar onde os patrões tinham destruído lavouras, reparar casas, defender companheiros prejudicados de todas as formas e as campanhas de massa. Com isso, as Ligas de Sapé cresceram, atingindo mais de 10 mil associados.

O sogro Manoel Justino vendeu até o Sítio Antas de Sono, quando viu que nada mudava a cabeça de João Pedro e nem conseguiu mandá-lo embora deste sítio, com Elisabete e as 11 crianças, em 1961. Com o novo dono, Antônio Vítor, e o apoio dos latifúndios, aumentaram as ameaças para expulsar João Pedro Teixeira, com tiros nas paredes da sua casa e todos os tipos de ameaças à sua família. Elisabete chegou a aconselhar João Pedro a ir para o Sul do país, para escapar das ameaças. Mas o líder dizia à esposa: "Você e meus filhos podem ir. Fico com os retratos, mas não me acovardo". Nesta época João Pedro já era o presidente da Ligas de Sapé.

As ameaças de morte contra ele circulavam em todos os locais de Sapé, através de capangas. Além dos problemas na Liga, João Pedro tinha que enfrentar o novo dono do Sítio, Antônio Vítor, e teve que se defender na justiça contra um processo de despejo. Com isso, já não dormia direito nos últimos meses de vida. "Ele se levantava todas as noites, ia de cama em cama e de rede em rede, ver todos os filhos, chorando; ele amava os filhos e era um esposo muito bom. João Pedro sabia que um dia não iria escapar. E sofria muito com isso, mas escondia. Nos abraçava todas as vezes que tinha que viajar, e, de vez em quando, me perguntava: "Elisabete, quando eu morrer, você continuará a minha luta?", conta Elizabete em seu livro.

Em 2 de abril de 1962, João Pedro tinha que se apresentar em João Pessoa, por causa do processo de despejo; o novo dono ia fazer um acordo. Chegando a João Pessoa, o advogado comunicou que a reunião tinha sido adiada para a tarde. Isso fazia parte da trama para matá-lo. Funcionou; conseguiram matar João Pedro neste dia, numa emboscada.

Saindo no último ônibus, indo a pé, já perto de sua casa, atiraram nas costas dele. Três tiros brutais, planejados por Antônio Vítor, Agnaldo Veloso Borges e Pedro Ramos Coutinho, como confessou o Cabo Chiquinho que praticou o crime com mais dois capangas.

No jornal Correio da Paraíba, Jório Machado escreveu na sua coluna "Aconteceu": " …Seu peito atlético ficou tão estragado que à primeira vista não erraríamos em pensar que os latifúndios usaram foices em vez de fuzil. (…) seu corpo comprido cravado de balas e entornado de sangue, parecia a imagem de Jesus morto….".

Elisabete só soube na manha seguinte. E ao ver o corpo, chorando disse "João Pedro, por mais de uma vez você me perguntou se eu daria continuidade à sua luta, e eu nunca te dei minha resposta. Hoje eu te digo, com consciência ou sem consciência de luta, eu marcharei na sua luta, pro que der e vier ". Mais de cinco mil camponeses acompanharam o enterro.



O paraibano João Pedro Teixeira, fundador da primeira liga camponesa na Paraíba, é considerado um mártir da luta pela terra no Nordeste do país, a exemplo do acreano Chico Mendes, que se notabilizou na defesa do seringal e do meio ambiente na região amazônica.

A primeira das ligas surgiu no Engenho Galiléia, em Pernambuco, fundada em 1954 sob a denominação de Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco. A experiência espalhou-se por outros estados nordestinos. Na Paraíba, a mais conhecida e combativa das Ligas Camponesas existentes até então foi a de a de Sapé, fundada por João Pedro Teixeira, como Associação dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas de Sapé e contava com mais de sete mil sócios. As Ligas Camponesas foram criadas inicialmente como associações e tinham objetivos definidos: prestar assistência social e defender direitos de arrendatários, assalariados e pequenos proprietários rurais.

Eram voltadas para iniciativas de ajuda mútua. Passaram a atuar no início da década de 60 como ferramentas de organização do movimento agrário.Isso porque a sindicalização no campo era praticamente inexistente. A ousadia despertou a ira dos latifundiários, da época, a ponto de em 1962 terem sido acusados de mandar matar João Pedro Teixeira. Ele foi casado com Elisabeth Teixeira, com quem teve 11 filhos. Dois anos depois, o golpe militar de 1964 proibiu o funcionamento das Ligas Camponesas e interveio nos sindicatos dos trabalhadores rurais. Depois disso, os camponeses foram torturados e mortos. Os dois soldados acusados de assassinar João Pedro Teixeira foram libertados

Fonte: Onordeste.com