quarta-feira, 2 de julho de 2014

Casa-Grande & Senzala

O que eu chamo de grande mídia são os conglomerados da comunicação: Organizações Globo (proprietária da Rede Globo), Editora Abril (proprietária da Revista Veja), Grupo Estado (proprietário do jornal O Estado de São Paulo), Grupo Folha (proprietário do jornal Folha de São Paulo), dentre outros. Todas estas grandes empresas de comunicação seguem uma mesma linha editorial, cada qual com sua própria nuance. Os interesses defendidos pelos referidos conglomerados coincidem com os interesses da Casa-Grande na época do Brasil escravocrata. A verdade é que os proprietários de tais empresas vieram todos do segmento mais abastado de nossa sociedade, o mesmo segmento que açoitava impiedosamente o escravo negro, e que hoje, ao invés de ter um olhar mais humano, ainda teme a redução das desigualdades sociais e raciais. Este mesmo setor aplaude calorosamente as formas modernas de açoite: como a cena de um jovem de rua negro sendo espancado por jovens de classe média num bairro carioca.

Se você pegar as folhas desses jornais e começar a lê-las, se você assistir às novelas de nossa rede de televisão mais popular, verás, então, os interesses da Casa-Grande moderna: que cada cidadão saiba bem seu espaço social, de acordo com códigos de comportamento mais ou menos pré-estabelecidos, e que o papel de destaque cultural e sexual na sociedade permaneça sob o domínio do homem em contraposição à mulher. Mas o homem símbolo da nova Casa-Grande não é qualquer homem, assim como o senhor de engenho este homem é descendente de europeus, de preferência com pouquíssima miscigenação, pois desta forma suas virtudes e sua tolerância terão mais valor, pois ciente deve ou deveria ser de sua superioridade cultural e, porque não, estética em comparação aos demais.

Essa estreita visão de mundo, por mais absurda que seja, ainda nos é passada (ou, pelo menos, tentam nos passar) diariamente nas peças de publicidade, nas novelas e nas abordagens jornalísticas das grandes empresas de comunicação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário