“[...] O verdadeiro
partido de oposição é a mídia nativa. Como tal age, à vontade diante da
condescendência de um governo incapaz de reagir à altura, por motivos desconhecidos,
às agressões diuturnas.
Parece até vocação mulher de apache na sua inspirada
exibição na Place Pigalle. Perfeito no papel de ministro do plim-plim, Paulo
Bernardo. Nas páginas amarelas da já citada edição histórica da Veja, o ministro aparece, com direito a
foto em pose de varão Plutarco, para anunciar o propósito de acabar de vez com
a ‘obsessão do PT de censurar a imprensa’. Quem sabe o nosso herói seja
apartidário.
Ora, ora, o ministro endossa a tese da mídia nativa, e lhe oferece
o indispensável apoio, enquanto a Secom, entidade inexistente em países mais
democráticos e civilizados, distribui à mídia a publicidade governista com
generosidade invulgar, especialmente às Organizações Globo, premiadas
anualmente com mais de 900 milhões de reais.
A liberdade reclamada pelo jornalista pátrio é a liberdade
de fazer o que bem entende, inclusive inventar, omitir e mentir. E o que diz
Paulo Bernardo? Que assim seja. Interessante observar que na última página da
mesma edição da nau capitânia da frota abriliana leio a seguinte interpretação
das passeatas: ‘O povo está dizendo que este governo de farsa montado por Lula há mais de dez anos rouba, mente, desperdiça, não trabalha, trapaceia, entrega-se
aos escroques, cobra cada vez mais imposto e fornece serviços públicos
vergonhosos’. Suponho que, na opinião de Veja,
o governo de Fernando Henrique tenha trafegado por rotas opostas e fornecido ao
povo serviços públicos primorosos. [..]”
por Mino Carta
Nenhum comentário:
Postar um comentário